domingo, 6 de novembro de 2011

Pesadelo brasileiro


Há muito tempo, o Brasil não ia tão ruim na Fórmula 1. Faltando duas corridas para o fim do campeonato, o saldo é bem desanimador: nenhuma vitória, nenhum pódio e um quinto lugar de Massa como o melhor resultado. Os outros dois representantes (Barrichello e Senna), juntos, somaram seis pontos em dezessete corridas. Já tivemos desempenho parecido em um passado recente? Sim, nas na época anterior à ida de Rubens para a Ferrari, ou seja, nunca fomos tão ruins a bordo de carros como a Ferrari ou a Renault. O que acontece, então?

Um conjunto de elementos contribuiu para o saldo pífio. Primeiro, começamos o ano com apenas dois representantes, muito por causa da péssima estratégia de Lucas di Grassi e do próprio Senna de tentar entrar na Fórmula 1 pela porta dos fundos, "a ferro e fogo". O resultado todos já sabemos: sem um carro decente, eles dificultaram suas permanências na categoria. Então, tivemos que nos segurar com Massa e Barrichello, cada um com sua falta de sorte. O primeiro foi liquidado por Alonso dentro e fora das pistas já no ano passado, e esse ano não demonstrou o menor ímpeto em tentar reverter o quadro, como fez Button na McLaren, por exemplo. Já o segundo recebeu da Williams um carro cheio de defeitos e apostas que fracassaram (como o tão falado câmbio diminuto), com o agravante de a equipe não ter dinheiro para reverter o quadro. Mais para o último terço do campeonato, chega Bruno Senna com seus patrocínios, mas até agora também não conseguiu fazer muita coisa com um carro que pouco conhecia. O resultado está aí, a olhos vistos.

Outra coisa: o nível de renovação deixa muito a desejar. Desde a ida de Barrichello para a Ferrari, muitos brasileiros passaram pela categoria, mas somente Massa conseguiu se firmar. E, ao olharmos para as categorias de acesso à Fórmula 1, praticamente só nos restam dois nomes, que são o do próprio di Grassi e o de Luiz Razia. Levando em conta a curta carreira que resta aos dois principais pilotos do Brasil, a situação passa a ser ainda mais desanimadora.

É preciso que o automobilismo brasileiro mude seus conceitos, deixe de tratar os pilotos, equipes e pistas como sendo de várzea. Sem a menor vontade daqueles que comandam as categorias nacionais, a situação tende a piorar e a se tornar irreversível a curto prazo. A palavra de ordem deve ser profissionalização, e não omissão. O resultado dessa falta de vontade pode ser visto no Ibope: a audiência da Fórmula 1 só cai desde 2008, última vez que o Brasil de fato disputou um título. Conclusão: sem representantes, o brasileiro perde o interesse pela velocidade. Para quem já torceu mais por Senna do que pela própria seleção de futebol, é uma grande decepção.

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